6 de março de 2014

Devaneios de uma Mãe

 
Oi amigos, hoje convido vocês para um pequeno e complexo bate-papo sobre paternidade, ou melhor, no meu caso, maternidade e suas neuroses.
Sempre ouvimos falar que um filho muda para sempre a vida de seus pais. Por mais que possamos imaginar isso, só temos a real noção desta mudança quando nos tornamos pais.
Nossas vidas passam a girar em torno destes pequenos, e mesmo quando eles crescem, as preocupações continuam e os medos se transformam.
Quando eu não era mãe, não podia ver sangue. Lembro uma vez que me machuquei feio em uma queda de bicicleta e desmaiei quando vi a quantidade de sangue que eu perdia. Injeção? Nem pensar, era um terror.
Hoje, 10 anos após dar a luz, encaro sangue normalmente, tanto é que fui eu que socorri o cachorrinho aqui de casa quando ele foi atropelado, e acreditem, nunca vi tanto sangue perto de mim assim. A fobia das seringas foi embora, tanto que até sou doadora frequente de sangue, e já me cadastrei como doadora de medula.
Nós passamos a enxergar o mundo de uma outra forma. Meu pensamento é, e se meus filhos precisarem? Então espero que eles tenham a chance, por isso, não posso deixar que pessoas morram em minha volta sem que eu não faça o mínimo para tentar ajudá-las. 
Alguns medos foram embora, mas outros maiores chegaram. Estou com 39 anos, e graças ao meu bom Deus, nunca fui assaltada. Acontece que depois que tive o primeiro filho, eu simplesmente desenvolvi um pavor de ser assaltada no carro. É um suplício sair apenas eu e eles. Fico temerosa a todo instante e só relaxo quando chego ao destino. Lembro quando eles eram pequenos, e usavam as cadeirinhas, eu sempre ia espremida entre elas no banco da frente enquanto meu marido dirigia. Evitava ao máximo andar apenas eu, eles e as cadeiras. Pedia constantemente a proteção divina para que não tivesse nenhum problema. Não tinha e não tenho medo de batidas (por mais incrível que isso possa parecer), o meu pavor são mesmo os assaltos.
Lembram aquele episódio do gurizinho que foi arrastado durante metros pendurado pelo cinto no RJ quando os assaltantes não deixaram a mãe retirá-lo do carro? Chorei uns 3 dias. Sempre que me lembrava do fato, lágrimas me vinham aos olhos. Ali estava representado todo o meu medo.
Assim que eles começaram a entender um pouco, eu mesma já comecei a ensinar aos dois como abrir o cinto da cadeirinha. Fazia os dois ficarem treinando até acertarem. Eu sei, loucura, mas o que eu podia fazer? Deixá-los sem o cinto de segurança? Nem pensar, até hoje pego no pé deles em relação ao uso do cinto.
Outro pavor que sempre ronda minha cabeça é perdê-los de vista ou que alguém os levem. Já saí de dentro de uma loja pois o Cauê não parava de brincar entre as araras e o Gabriel queria sair do carrinho. Não pensei duas vezes, peguei os dois e voltei para casa.
Nunca fui ao mercado sozinha com eles quando ambos eram pequenos. Eles sempre ficavam com a minha mãe. Quando eles iam, era porque tinha alguém comigo para ficar com eles exclusivamente em um carrinho enquanto com outro carrinho eu fazia as compras.
Sempre buzinei e ainda buzino na orelha deles em relação a estranhos. Não gosto que eles brinquem na rua, prefiro que fiquem dentro de casa e que tragam os amigos aqui. Não ligo se eles forem na casa dos amiguinhos, mas gosto de conhecer os pais antes.
Estes dias entrando no mercado depois que peguei eles no colégio, uma senhora virou para o meu caçula e perguntou se ele conhecia um guria que nem lembro o nome. Ele não respondeu, olhou a mulher e foi desviando do caminho dela. Ela perguntou de novo e eu levantando o braço para tranquilizá-lo perguntei qual era a série da guria para depois responder que ele era de 2 séries na frente.
Eu explico que quando eu estou junto, não tem problema eles responderem a um estranho, mas na maioria das vezes, eles preferem me dar a mão para só depois falarem. Não costumam aceitar balas ou doces de ninguém, a não ser quando autorizamos. E sabem que em hipótese nenhuma podem sair da escola enquanto eu, o pai, os avós chegarem. Mesmo que eles saibam que seja um amigo da família, a ordem é ficar na escola. Eu até disse que se a pessoa insistir em levá-los, que comecem a gritar e não soltem a mão um do outro. Apesar que a escola me deixa super tranquila em relação a isso, pois eles realmente não liberam os alunos para quem não é autorizado. Uma vez minha sobrinha desceu do carro para pegá-los para mim enquanto eu manobrava, e mesmo eles falando que era prima deles, não deixaram os dois saírem. Quando desci para buscá-los, chegaram a pedir desculpa, onde eu prontamente respondi, "-Eu que agradeço vocês pelo cuidado com eles."
Mãe é cheia de neuroses mesmo, pelo menos eu sou. Minha última foi por conta de um pesadelo que tive esta semana, que até me incentivou a este desabafo. Sonhei que o Cauê brincava de se equilibrar em cima de uma bola enorme. Todo feliz me mostrava sua performance, quando de uma hora para outra ele sumiu do meu campo de visão e eu escuto um baque na sequência. Minha casa é um sobrado de três andares, e o quintal (que ainda não está pronto) ficará em um quarto andar. Os quartos ficam no segundo, e ele caiu do quarto dele até o quintal, ou seja dois andares que devem ter quase 6 metros de diferença. Eu olhei pela janela e o vi deitado com a roupa da escola. Senti um gelo no coração e desci correndo as escadas gritando para minha mãe ligar para o Samu ou para a polícia. Não sei o que aconteceu, pois nesta hora meu marido me acordou por conta dos meus gemidos. Achei que não ia voltar a dormir, mas o meu subconsciente não estava de bom humor comigo, e quando voltei a cochilar eu lembro que a sensação da queda dele voltou com tudo e que eu me agarrava ao Alexandre (meu marido), pedindo entre muitos choros para ele pegar o Cauê, para ele trazer o Cauê pra mim. Era como se tivessem levado o meu pretinho, sei lá. 
O Lê me acordou de novo, pois eu estava agora choramingando, e insistiu para que eu sentasse e acordasse de vez. Só fiz perguntar "- Onde está o Cauê?" " - Dormindo." "- Tem certeza?" "- Claro, está cedo ainda. Você sonhou. Ele está bem e está dormindo."
Lógico que só sosseguei mesmo quando levantei e vi com os próprios olhos ele deitado sereno na sua cama. Mas por conta do pesadelo, desisti de sair de casa com as crianças. Ia levá-los ao parque, mas como lá eles costumam escalar um parede de pedra e óbvio subir pelos brinquedos, fiquei com medo que eles caíssem e desisti. Por mais que eu soubesse e dissesse para mim mesma que isso era um absurdo, meu medo foi maior e não consegui. Fiquei no pé deles o dia inteiro por conta da janela do quarto. Eles até falaram que não são idiotas e sabem do perigo em ficar debruçados na janela, mas passei o dia todinho com o coração apertadinho.
Realmente nós mães definitivamente entramos em parafuso por conta destes rebentos, mas fazer o quê, são coisas que não controlamos. O amor de uma mãe por um filho é com certeza sem nenhuma lógica ou explicação.
E vocês, que são mães e pais, quais foram as loucuras feitas ultimamente?
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27 comentários:

  1. Não sou mãe e acho que não pretendo ter filhos por causa desse amor incondicional e este medo de perder, de ficar longe...minha melhor amiga disse que entendeu o que era amor de mãe quando a filha dela nasceu. Deve ser algo muito mágico.
    Bjs

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  2. Andrea Duarte6/3/14

    nossa, fiquei impressionada com essas histórias ! haha
    Tenho 15 anos e não pretendo ser mãe tão cedo.. kk mas um dia.. sim.
    Pra falar a verdade, não entendo esse sentimento de mãe. Ás vezes fico chateada com a minha pelo excesso de proteção que ela tem que, pra mim, muitas vezes são desnecessárias. Às vezes ela fala coisas tão obvias que eu penso , tipo "Mamãe acha que eu sou tão burra assim?" Porque olha.. kk exemplo : se eu tiver em algum lugar, bebendo algo (água, suco, refri, qualquer coisa) e tiver que sair ou desviar minha atenção do copo por alguns instantes, é pra eu jogar o líquido fora ou pegar outro copo, pra nao correr o risco de terem botado algo na minha bebida (mesmo que eu esteja na casa de um colega, ou amigo, ou até conhecido da familia!).. ai ai . Eu entendo que ela só quer evitar que algum mal me aconteça, e amo ver ela tão preocupada comigo. Mas as vezes.. kkk Quando eu vou pra casa de alguém, mamãe também procura saber quem são os pais, quem vai ta lá, onde é... kkk incrível. Acho que são todas iguais.. rs

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  3. Oi Andrea, que bom que gostou, e acredite, ele é mesmo tudo isso!
    Bjs, Rose.

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  4. Somos mesmo Andrea, só trocamos de nome e endereço! Mas esta do copo é verdade viu, se perdeu o seu de vista, nem pense duas vezes e jogue fora! E não pense em ser mãe agora, você tem muita coisa para viver pela frente antes disso.
    Bjs!

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  5. E é viu Nataly, só então sabemos mesmo o que é amor puro e verdadeiro.
    Bjs, Rose.

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  6. Impossível não perder o ar como Erick... hahaha

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  7. Francine Porfirio8/3/14

    Que relato é esse!? Quanto carinho, quanto amor, quanto medo, quantos sentimentos estão aqui...? Lindo. Essa parte o resume bem: "Nós passamos a enxergar o mundo de uma outra forma. Meu pensamento é, e se meus filhos precisarem?". Sim, acredito que os filhos fazem as mães abrirem seus olhos para um mundo que antes não era tão importante assim. Estou ainda na fase de ver mães brincando, brigando, beijando, gritando... com seus filhos e conseguir simplesmente esquecê-las depois. Não me atraem ou fazem pensar tanto quanto meus estudos e minha família, que hoje se resume ao meu marido. Sei que depois de ter meus próprios filhos, a segurança e o bem-estar deles virá primeiro. Sei que verei mães com outros olhos. Talvez mais compreensivos, ou simplesmente mais atentos. Tudo o que puder relacionar aos meus filhos, relacionarei. Meu mundo não será somente meu, será deles e para eles. É natural fazermos isso. Quando casei, por amor e pelos sonhos que tínhamos juntos, meu mundo se somou ao do meu marido. Hoje temos um mundo nosso. Mas os filhos, ah, esses danados... Eles não apenas somam, mas nos fazem presentear nosso mundo a eles, porque são indefesos e ingênuos. Queremos dar-lhes tudo de nós para protegê-los. <3 E isso, minha flor, é lindo. É a dádiva que só pertence a quem é mãe/pai.
    Lindo texto.
    Beijo carinhoso!!!!
    www.myqueenside.blogspot.com

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  8. Obrigada Dri, depois passo lá para dar meu chute.
    Bjs, Rose.

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  9. Lindo foi seu comentário, que mesmo sem ser mãe já sabe o que significa.
    Bjs!

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  10. RUDYNALVA SOARES9/3/14

    Rose!
    Fiquei reflexiva...
    Muito bom texto.

    Bom domingo!

    cheirinhos

    Rudy

    Blog
    Alegria de Viver e Amar o que é Bom!

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  11. É verdade Yassui, o ar, os sentido, tudo... kkkkk

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  12. Oi Andrea, personagens muito mimimi me dão nos nervos, o que ocorreu neste caso, mas tirando isso, gostei da obra. Em relação ao que você falou sobre nossa literatura, realmente é preciso dar um destaque maior aos nossos autores. Sempre que posso, estou lendo um.
    Bjs, Rose.

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  13. Eu particularmente não gosto quando uma mesma história é dividida e lançada por duas editoras diferentes. Mesmo no caso de histórias independentes, prefiro ler na ordem, o que acontecerá com esses dois livros da autora. O que dá para perceber, ainda mais com uma resenha dupla, é que será emocionante essa experiência. Só espero também gostar.


    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  14. Oliveira10/3/14

    Puxa!

    Não tenho muito o que dizer, mas meu primo quando era criança o ensinei a andar de bicicleta, e a mãe dele é um pouco neurótica. Ele não caiu em aprender, estava treinado e tudo, mas a mãe não sabia, daí ele pega e vai mostrar a surpresa para a mãe, e ela grita na hora que ele já tinha andado um tempo já nas vistas dela de bicicleta, e ele se espatifa no chão. No caso do meu primo, ele não leva muito bem esses surtos de neurose, pois todos até hoje só o prejudicaram. E já vi pais passando medo em filhos por causa de cachorro. Já vi crianças gritarem e pedir colo, só por me ver andando com um cachorrinho de 30 centímetros. Preocupar é bom, mas exagerar não é bom. Mas, hoje em dia o mundo está bem complicado mesmo!

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  15. Eu tento controlar bem minhas neuroses, os medos são meus, não posso colocar meus filhos em uma bolha protetora. Mas que eles existem, eles existem.
    Bjs, Rose.

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  16. Oliveira11/3/14

    Não tem como não existir Rose, você se controla. Mas, não tiro a razão para nenhuma mãe ficar protetora ao extremo, esse mundo está complicado. E quando disse sobre o carro... sinceramente, se tivesse filhos creio que pensaria como você. Se, comigo já vi ladrão abordando o carro atrás do meu em semáforo, e com uma criança ou duas juntas... nem gosto de visualizar a imagem. Deve ser um desespero. E, aquele caso do garoto chocou muito! Estamos em tempos difíceis!

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  17. Nem me fala! Nem gosto de pensar muito para não ficar ainda mais doida...
    Bjs, Rose.

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  18. Eu também sempre prefiro ler na ordem, mas desta vez não deu. A estória é incrível mesmo, acho que vai gostar sim.
    Bjs, Rose.

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  19. Valeria Schmitt29/3/14

    Oi minha querida!! Obrigada pela resenha!!!! Eu posso te garantir que a Carol em Inverno está bem mais forte e toma as rédeas da sua vida! Ela vai perder quase tudo! E vc vai passar a admira-la. Foi proposital deixá-la chatinha no primeiro livro. Beijos

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  20. Valeria Schmitt29/3/14

    Obrigada querida Yassui! Beijos

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  21. Valeria Schmitt29/3/14

    Obrigada! O erick é o homem que eu sempre sonhei pra mim! Rs

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  22. Valeria Schmitt29/3/14

    Como te falei, o mimimi vai acabar em Inverno, tadinha dela, rsrs.

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  23. Valeria Schmitt29/3/14

    Pode ler tranquila, Andrea, a Carol vai sofrer uma reviravolta, rs. E acho que a paixão pelo Erick vai compensar. rs

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  24. Que maldade Valéria! Fico feliz com as possíveis mudanças, tenho certeza que isso só tem a melhorar o enredo todo!.
    Bjs, Rose.

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  25. Bobinha você né Valéria? rsrsrsrs
    Bjs, Rose.

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  26. Só tenho a comemorar com esta notícia!
    Bjs, Rose.

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